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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Creche de cachorro tem natação, mochila e até agenda

FLÁVIA GIANINI
da Revista da Folha

01/12/2008

Tanto no inverno como no verão, Joana, 2, desperta bem cedo. Fora da cama, aguarda pelo sinal. Quando os donos Aya Sugiya, 32, e Maurício Oliveira, 36, pegam sua lancheira, ela sabe que é a hora de sair. Também pudera: desde os quatro meses de idade, ela repete essa rotina. De segunda a sexta, a dálmata passa o dia na creche.
Joana faz uso de um serviço em expansão em São Paulo: o de lugares criados especialmente para abrigar animais que, como ela, não têm companhia durante o dia. "Só compramos a Joana depois de pesquisar e descobrir o serviço de 'daycare'", conta a dona, Aya.


Maria do Carmo/Folha Imagem
Dálmata Joana, 2, freqüenta creche desde os quatro meses de idade, contam os donos Aya Sugiya, 32, e Maurício Oliveira, 36
Dálmata Joana, 2, freqüenta creche desde os quatro meses de idade, contam os donos Aya Sugiya, 32, e Maurício Oliveira, 36

A maior parte dos clientes é formada por casais sem filhos ou pessoas solteiras que trabalham o dia todo. Especialistas aprovam a atitude. "Cães não gostam de ficar sozinhos", diz o zootecnista e terapeuta comportamental Alexandre Rossi.
Ele tem razão. Boa parte dos clientes procura as creches atrás de soluções para alterações comportamentais características de bicho confinado em apartamento.
Metade deles apresenta algum sintoma de ansiedade, segundo a veterinária e proprietária da Cãominhado, Vanessa Requejo. Destruir sapatos, latir excessivamente e demonstrar apatia, fobias e insociabilidade estão entre eles.
Para acolher os pets, as próprias creches também fazem exigências. Vacinação, controle de parasitas, vermifugação e exames periódicos em dia são indispensáveis. Só são aceitos machos castrados, fêmeas fora do período do cio e animais sem histórico de ataques. Dependendo do lugar, o bicho ainda deve passar por uma avaliação veterinária antes de ser aceito.

Agenda escolar

No portão de entrada das creches, é comum assistir à chegada de um cãozinho com sua mochila, repleta de brinquedos e, acredite, uma agenda escolar. Nela, a veterinária Ingrid Marini, da Pet do Parque, escreve diariamente a rotina de cada animal. As anotações permitem que o dono monitore, de casa, as atividades do bichinho.
Se os métodos são parecidos com os dos humanos, os modismos também não ficam de fora. Na Dogwalker, por exemplo, freqüentada por Joana, é possível ver lancheiras com temas infantis, como Barbie, Hello Kitty e heróis de quadrinhos, no espaço destinado às refeições dos "alunos".
Passeios em parques e até banhos de piscina são atividades que também fazem parte da programação. Tanto mimo tem seu preço. A mensalidade numa creche paulistana chega a custar R$ 500 --sem direito à ração. Antes de decidir qual a melhor, vale a pena ficar atento a algumas dicas.
As creches mais "modernas" de São Paulo já trabalham com câmeras ligadas à internet. Vedetes do momento, elas permitem que os donos acompanhem seus bichos de longe. É uma forma de saber se eles estão sendo bem tratados. Mas isso acaba gerando um trabalho extra aos profissionais.
"O telefone toca o dia todo", diz Raquel Hama, uma das sócias da Dogwalker. "Uns ligam para saber por que o cachorro está deitado. Outros perguntam se ele já comeu. E por aí vai."
Pelo jeito, nem sempre o que se vê é suficiente.

Fique de olho

- Antes de deixar o bicho na creche, leia atentamente o contrato e guarde uma cópia
- Cheque se os ambientes são seguros e limpos
- Dê preferência a locais com grama sintética, em que o controle de parasitas é mais eficiente - Observe se o seu cão, ao voltar, está agitado e abatido ou feliz e calmo
- O local deve manter veterinário de plantão para os casos de emergência
- Veja se o espaço é suficiente para o número de animais e se ele favorece a socialização
- Verifique se a equipe é bem treinada

Fontes: Alexandre Rossi (zootecnista da Cãocidadão); Ana Luiza Mazorra (veterinária da Ventura Veterinária) e Rúbia Burnier (terapeuta comportamental do Espaço Animal)

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