Fundado em 20 de Outubro de 2008, na cidade de Vila Velha-ES, somos um grupo de amigos/protetores dos animais, que os amam de forma incondicional e, nos preocupamos com a preservação de suas vidas.


Sem fins lucrativos, trabalhamos voluntariamente na elaboração de eventos beneficentes e na sensibilização do ser humano em prol dos animais.

Não possuímos abrigo, nem fazemos resgates, apenas apoiamos e divulgamos protetores independetes e entidades voltadas para essa questão.



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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cães Acorrentados: A Vida Passa-lhes ao Lado

A Triste Realidade

Husky Em Portugal, são milhares os cães condenados a prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional. Estes animais nada de mal fizeram, nunca cometeram um crime. Contudo, são sujeitos a um castigo pior do que a morte: uma vida na extremidade de uma corrente.

Por todo o país, são demasiados os cães que sofrem em silêncio porque ninguém sabe que estão acorrentados, porque ninguém se importa que estejam acorrentados ou simplesmente porque ninguém quer interferir para tentar melhorar a vida desses animais. Estes animais dormem dentro de um tonél ou dentro de uma minúscula casa degradada, sentam-se sobre a lama ou sobre o cimento gelado, muitas vezes não têm água fresca à disposição, raramente têm atenção...

A maioria destes cães vive toda a sua vida na extremidade de uma corrente, dia após dia, mês após mês, ano após ano. A maioria destes cães nunca passeou, nunca teve o prazer de saber o que é brincar, e muito menos sabe o que é ser acarinhado. Acorrentados pelo pescoço, estes animais não vivem, simplesmente existem. Existem sem respeito, sem carinho, sem exercício, sem interacção social e, muitas vezes, sem os cuidados alimentares e higiénicos básicos. À medida que os dias se transformam em anos, a maioria destes cães deita-se, senta-se, dorme, come, bebe, urina e defeca dentro do mesmo raio de dois metros.

Em muitos casos, o pescoço de um cão acorrentado fica em carne viva e coberto de feridas, não só porque o tamanho da coleira não é adequado ao tamanho do pescoço (a coleira original já era demasiado apertada ou o animal foi crescendo e a coleira não "acompanhou" esse crescimento), mas também porque o cão está permanentemente a tentar forçar ao máximo a corrente para escapar da reclusão a que foi submetido. Não em raros casos, a coleira acaba mesmo por se incorporar no pescoço do animal, acabando por apodrecer essa zona. São casos muito tristes, mas muito reais...

As pessoas alegam muitos motivos para acorrentarem os seus cães. Algumas ficam frustradas com o comportamento do cão dentro de casa e não acreditam que o mesmo possa ser educado para se comportar em condições quando no interior. Muitas outras estão simplesmente a repetir a forma como sempre viram as pessoas que as rodeiam a tratar os cães (avós, pais, vizinhos, etc.), não conhecem outra realidade. Algumas (para não dizer muitas) destas pessoas mal têm condições financeiras para terem um cão. E, sim, infelizmente a maioria delas simplesmente não se importa com o bem-estar do animal.

Porquê Envolver-me?

Lab Cruelty Muitas pessoas que gostam de animais e vivem perto de cães acorrentados ou confinados a uma varanda, por exemplo, nunca tentaram melhorar a situação. Ou porque simplesmente não se querem envolver, ou porque têm receio de um confronto directo com a pessoa que mantém o animal naquelas condições. Contudo, pela vida do animal, é urgente que se envolvam! É urgente que se envolvam porque nós, como comunidade, temos de fazer passar a mensagem de que manter-se um animal acorrentado é inaceitável. Porquê? Para além da óbvia crueldade, acorrentar um cão não só é mau para o animal, como poderá resultar num ambiente bastante perigoso para as pessoas da zona, especialmente crianças. Um cão continuamente acorrentado e isolado terá maior tendência para se transformar num animal ansioso, neurótico, territorial e inclusive agressivo.

Cabe-nos a nós (cidadãos, vizinhos, conhecidos, etc.) informar e sensibilizar as pessoas que mantêm um cão acorrentado ou permanentemente confinado a um espaço exíguo. A vida de muitos cães mudou radicalmente simplesmente porque alguém se preocupou o suficiente para intervir. A sua intervenção e preocupação podem ajudar a mudar para melhor a vida de um animal.

Etapas de actuação sugeridas:

  1. Envio de Material de Sensibilização
  2. Sensibilização Directa/Pessoal
  3. Denúncia às Autoridades Competentes

Nota: se a situação em que se encontra o animal for muito grave, é aconselhável denunciá-la de imediato às autoridades competentes.

Envio de Material de Sensibilização

O primeiro passo para tentar melhorar as condições de vida de um cão acorrentado consiste em fazer chegar informação educativa às mãos das pessoas por ele responsáveis. Para esse efeito, elaborámos postais de sensibilização e folhetos informativos:

Este material é enviado em nome da Associação Pelos Animais para pessoas que mantenham o seu animal acorrentado ou isolado.

Se tiver conhecimento de algum cão que viva permanentemente acorrentado ou confinado a um espaço exíguo, envie-nos o endereço postal completo dos responsáveis pelo animal e detalhes sobre as condições em que o mesmo é mantido para geral@pelosanimais.org.pt. A identidade da pessoa que nos tiver comunicado a situação permanecerá anónima.

Sensibilização Direta/Pessoal

Rott O primeiro passo consiste em conhecer os responsáveis pelo cão. Por precaução e para que se sinta mais confiante, sugerimos que vá acompanhado. É muito importante que seja simpático, amigável e respeitoso para com a pessoa.

Para "quebrar o gelo" poderá, por exemplo, oferecer um pacote de biscoitos para cão. Apresente-se educadamente e continue com algo do género:


  • Sou voluntário de uma associação de protecção aos animais e venho oferecer materiais gratuitos para o seu cão.
  • Tive um animal muito parecido com o seu cão. Posso ir fazer-lhe umas festinhas?
  • Reparei que o seu cão está acorrentado (ou sempre na varanda). Tenho a certeza que ele iria adorar praticar um pouco de exercício. Posso vir cá algumas vezes durante a semana para passear o seu cão?

Se a pessoa parecer receptiva, pergunte-lhe o nome do cão (suponha que se chama Bobi) e se poderá ir com ela conhecer o animal. Isto irá dar-lhe a oportunidade de conhecer o cão e o responsável, e de saber por que motivo o cão está acorrentado. Neste caso, poderá ser que consiga ajudar a resolver o problema. Por exemplo:

  • Se o Bobi estiver acorrentado para que não acasale, poderá tentar sensibilizar a pessoa acerca das inúmeras vantagens da esterilização, informar-se sobre esterilizações a baixo custo e comunicar essa informação ao responsável.
  • Se o Bobi estiver acorrentado porque salta a vedação, poderá oferecer-se para ajudar a colocar extensões.
  • Se o Bobi estiver acorrentado porque a pessoa nunca sequer quis ter um animal, poderá oferecer-se para encontrar um lar para o animal, podendo ser que a pessoa concorde. Apesar de alguns cães acorrentados poderem ser agressivos (em resultado das condições em que são mantidos), outros cães são óptimos animais de companhia, bastando para tal alguma educação e carinho.
  • Se o Bobi estiver acorrentado para servir de cão de guarda, tente explicar que os cães acorrentados não dão bons cães de guarda. Um cão acorrentado nada poderá fazer para deter um intruso, a não ser ladrar. Ora, como a maioria dos cães acorrentados ladra frequentemente para ter um pouco de atenção ou porque, por estar tão isolado, a mínima coisa lhe chama a atenção, como saber se ele está a ladrar devido a um perigo real? Além disso, um cão acorrentado tende a torna-se agressivo, e não protector. Um cão agressivo não consegue distinguir entre uma ameaça e um amigo da família, pois não está habituado a pessoas. Um cão agressivo poderá atacar qualquer pessoa, desde a criança do vizinho do lado ao carteiro. A melhor forma de se ter um cão protector, que saiba distinguir um "amigo" de um "inimigo", consiste em sociabilizá-lo e levá-lo para dentro de casa, para junto da família. Um cão protector está habituado à presença de pessoas e consegue sentir quando a sua família está ameaçada. Um cão aprende a ser protector passando muito tempo com pessoas e aprendendo a conhecer e a gostar da sua família humana. As estatísticas demonstram que a melhor intimidação para com intrusos é um cão no interior. Os intrusos pensarão duas vezes antes de entrar numa casa com um cão do outro lado da porta (até porque, sem contacto visual, não conseguem saber o porte nem a quantidade de animais no interior).

É essencial ser construtivo, e não crítico. Por exemplo, se o Bobi estiver infestado de parasitas ou demasiado magro, não critique o responsável. Afinal de contas, não queremos que a pessoa fique incomodada com a intromissão, pois tal impossibilitaria o diálogo e uma potencial melhoria das condições de vida do animal. Simplesmente diga algo do género "Tenho uma embalagem de anti-pulgas quase cheia em casa que posso trazer para aplicar ao Bobi", ou então "Parece-me que o Bobi ficaria com bem melhor aspecto com mais uns quilitos. Posso trazer-lhe uma saca de ração gratuita?", ou ainda "Adoro escovar cães. Posso passar por cá um dias destes e tratar do pêlo do Bobi?"

Atenção: Nunca é demais enfatizar que tudo o que oferecer é gratuito!

Depois de conhecer o responsável pelo cão, tente manter uma boa relação. Deixe ocasionalmente guloseimas ou brinquedos, vá perguntando como está o Bobi ou ofereça-se para levar o Bobi a passear ou ao veterinário.

Com o tempo, e com o estabelecimento de uma relação mais próxima, é bem provável que as suas tentativas de sensibilização e informação acabem por surtir efeito e que o responsável acabe por libertar o cão da corrente e, quem sabe, levá-lo para dentro de casa.

Denúncia às Autoridades Competentes

Quando a sensibilização não surte efeito, ou quando as situações são tão graves que exigem uma intervenção imediata, recomenda-se que seja feita uma denúncia às autoridades competentes --- afinal a legislação existe para ser cumprida. No entanto, nos casos em que seja previsível (por exemplo, pela gravidade da situação) que o animal possa ser apreendido pelas autoridades, é importante garantir previamente a existência de uma família de acolhimento para o animal (temporária ou permanente); caso contrário, este irá parar ao canil, onde poderá ser abatido passados oito dias se não for entretanto adoptado.

Nos termos do artigo 8.º do Decreto-Lei nº 276/2001 de 17 de Outubro (com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 315/2003 de 17 de Dezembro), os animais devem dispor do espaço adequado às suas necessidades fisiológicas e etológicas -- o que não acontece quando estes se encontram acorrentados ou permanentemente confinados a pequenos espaços. As coimas aplicadas aos infractores podem atingir os 3.740 Euros, sem prejuízo de outras sanções acessórias.

As autoridades competentes para fiscalizar e fazer cumprir a legislação de bem-estar animal são as seguintes:

  • Direcção-Geral de Veterinária, enquanto autoridade veterinária nacional.
  • Direcções regionais de agricultura, enquanto autoridades veterinárias regionais.
  • Os médicos veterinários municipais, enquanto autoridade sanitária veterinária concelhia.
  • O Instituto de Conservação da Natureza.
  • A Guarda Nacional Republicana (GNR).
  • A Polícia de Segurança Pública (PSP).
  • A Polícia Municipal (PM).

Recomenda-se que os cidadãos efectuem uma queixa junto da polícia ou GNR local e também que comuniquem a situação ao médico veterinário municipal.

Redução dos Problemas

APBT Se, depois de tentarmos tudo ao nosso alcance, for evidente que o cão continuará acorrentado ou confinado a um espaço exíguo, poderemos pelo menos tentar melhorar um pouco as condições de vida desse animal. Por exemplo:

  • Oferecer uma corrente em material leve (em cabo de aço) com vários metros de comprimento.
  • Oferecer um peitoral resistente para substituir a coleira.
  • Oferecer uma casota quente, à prova de intempéries.
  • Educar a pessoa responsável sobre como melhor cuidar do cão em tempo de frio severo ou de calor extremo.
  • Oferecer molhos de palha na época fria e explicar como manter o cão quente durante o Inverno.
  • Oferecer guarda-sóis na época quente e explicar como manter o cão à fresca e em segurança durante o Verão.
  • Oferecer brinquedos, comedouros higiénicos (por exemplo, em aço inoxidável), recipientes de grandes dimensões para água.
  • Oferecer comida saudável e biscoitos/guloseimas e tentar demonstrar ao responsável que o simples facto de alimentar e abeberar diariamente o cão é de vital importância.

Tudo isto poderá ser demasiado óbvio e poderemos inclusive interrogarmo-nos: "Para quê incomodar-me com a pessoa que tem o cão nestas condições, se esta pessoa é tão desconhecedora, insensata ou obstinada?". Contudo, o que está aqui em jogo é a vida de um animal. Da nossa intervenção e preocupação, ou falta delas, dependerá a melhoria das condições de vida daquele animal ou a continuação de uma vida miserável. Ajudar um pouco o animal é melhor do que não fazer absolutamente nada.

Não Fique Indiferente!

Com muito poucas excepções, todos nós já presenciámos esta triste realidade dos cães acorrentados ou isolados. Já os vimos na nossa localidade, já os vimos enquanto passeávamos numa zona rural, já os vimos no prédio em frente... Estes animais anseiam o fim do seu isolamento, desejam ardentemente o calor de um lar, estão cansados de ver a vida passar-lhes ao lado. Bem vistas as coisas, estes cães existem na sombra da nossa comunidade.

Ajude a tirá-los da sombra e a levá-los para dentro de casa! Colabore com a campanha "Cães Sem Correntes" e ajude a demonstrar que a preocupação, a compaixão e a bondade estão vivas e presentes na comunidade portuguesa. Poderá deixar algum material de sensibilização numa junta de freguesia ou numa loja, por exemplo. Mesmo que a informação não chegue directamente a pessoas que mantêm animais nestas condições, haverá mais pessoas informadas e alertadas sobre esta triste realidade e elas próprias poderão fazer passar a mensagem de que manter-se um animal acorrentado é inaceitável. É essencial que a informação vá chegando a um cada vez maior número de pessoas. Pelos animais, colabore!

Matéria publicada pelo site: www.pelosanimais.org.pt

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